terça-feira, 11 de agosto de 2009

SENSAÇÕES DA PARTIDA


Senti nas entranhas sensações aterradoras, que jamais em nenhum outro momento pude sentir algo assim, algo que outrora temia sentir, ai então percebi todo o meu corpo desobedecer aos mecanismos de operação motora, mas não conseguia entender por que razão tudo aquilo estava acontecendo comigo. Droga! Pareço estar cedendo ao desleixo de um eu imaturo das vivências já experimentadas tal qual redundante.
É sentido o suor frio descendo impulsivamente na face que olha o corpo inerte, tomado de medo do desconhecido momento, atraído pelo talvez relutante. O fôlego parece raso, pesado, gélido. Olho para os meus pés, pálidos, e muito grosseiramente cai um mundo de memórias com umas até... Difícil dizer, mas parece que não são minhas, ou são! Não sei direito, não consigo me reconhecer, tudo aqui é tão confuso, tenho a ligeira sensação do eu refletido se envergonhar das projeções. Quero muito sair. Difícil desfazer das memórias de um passado de arquitetura involuntária.
Vejo muitas pessoas envoltas de mim. Todas me olham! Uma criança chora nos braços de uma senhora que tenta acalmá-la. Não me sinto bem com todas essas pessoas me olhando. Umas tomando algo, contornando a bebida, que se deixa evadir nas ondas manipuladas pelos movimentos ante horário.

- Estou cansado, quero muito me virar, mas meu corpo não me obedece. Por que essa criança não para de chorar? Cal... Não tenho forças, maldita língua quando impertinente, agora que preciso me tranca a boca que fala.

- Quero água, talvez me dê vivacidade quando toma-la, áág... Ág...,

- alguém pode me ajudar a entender o que está acontecendo, estou sufocado em agonia, por que ninguém me ouve. Essa criança, que não para de chorar, como consegue chorar tanto, e por que choras?

De repente uma noite cai sobre os olhos daquele que pensava ainda existir no mundo das memórias que furtava suas inquietações existenciais. De tudo só lhe restava os poucos fragmentos de vida esvaindo pelas extremidades físicas, fingindo o acontecer do eu.

- E por que estou tão só, onde estou? Cadê às pessoas que ainda pouco estavam aqui, a menina parou de chorar, onde está meu corpo que ainda pouco via.

- Não sinto mais meu coração bater em meu peito... Onde está a criança que chorava, a mãe que a consolava.

- Minhas memórias cad...

- O homem que b...



Cleber Xavier dos Santos

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