terça-feira, 11 de agosto de 2009

Um tempo destemperado

Tudo o que os homens querem é só um pouco mais de tempo, para falar a vida de como poderia ter sido melhor, se fosse diferente.
A muito, e muito tempo, que nem me lembro mais, quanto tempo tem, existia um vilarejo, bem ali, mais ao longe para quem olha o devir. Era tudo muito simples! Onde homens e mulheres que marcara o tempo, iam ter com o mundo seus últimos momentos. Todos que completavam o percurso de chegada ao vilarejo ficavam muito felizes. Acreditava ter completado o ciclo da vida.
Mas nem todos pensavam assim, porque havia ali, um homem...
- O tempo que tanto me usou agora me descarta como se fosse uma fruta podre jogado ao leu. Diante de mim, o mundo confrontando com o meu fim, desmaterializando minhas forças, me tomando como escravo.
- Minhas mãos já não vencem mais a gravitação espacial. Os ventos que outrora me acariciavam a face, agora me atropelam com despeito.
- Olho para o céu não vejo mais as cores
– Um dia quis tocá-lo, me chamaram de louco, egoísta. Agora que quero ficar, querem me mandar para lá.
- E olha que nem sei se aquele céu é o mesmo céu, outrora sonhado.
- Olhe só para ele! Mudaram até as cores!
O pródigo relutante mesmo em desconforto viajava, pois pouco tempo lhe restava, - “isso me parece uma rima, de um viajante envelhecido”.
- Posso continuar?
E ele pensava!
- Que raio de mundo é este que não te permite escolher!
- Quero uma reunião.
- E pode?
- Pode! Aqui! Pode tudo.
- Então, peça ao tempo certo, porque tempo é o que lhe falta.
De repente de longe avistara uma miragem frívola.
- Por favor, poderia ser mais claro?
- Como assim? Miragem frívola!
- Sim! Miragem frívola.
- E o que é isso? É uma retórica?
- Ta bem;
De repente, ao longe avistara uma imagem brilhante.
- agora sim.
- Posso continuar? Obrigadinho.
Então, ele a observava e via o eu no tempo, em cada tempo, viu o tempo lhe transformando, lhe dando, tirando, dando, tirando, enfim, chegou o tempo que só tirava. Com os olhos cheios de lágrimas, chorava com o tempo que furtivamente lhe tirava a vida, diante dos seus olhos.
Enquanto isso silenciosamente ele caminhava, caminhava em direção ao nada que toma forma, desaparecendo com suas memórias de um tempo, em cada tempo.
- E é assim que todo se acaba?
- Sem tempo!
Cleber Xavier dos Santos

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