quinta-feira, 14 de maio de 2009

Frase de Filme


Não sei se Deus existe, mas aquele dia no poço eu não estava sozinho! (O Código Da Vinci)

Eu sei quem eu sou, não preciso dessas coisas pra me lembrar. (Efeito Borboleta)
Alguns pássaros não nasceram para viver em gaiolas. (Um Sonho de Liberdade)
Se você olhar bem, verá que o mundo todo é um jardim! (O Jardim Secreto)
Introduza um pouco de anarquia. Perturbe a ordem vigente e então tudo se torna um caos. Eu sou um agente do caos. E sabe, a chave do caos é o medo! (Batman - O Cavaleiro das Trevas)

Não é uma mentira, se você acreditar nela. (Seinfeld)

É uma verdade básica da condição humana que todo mundo mente. A única variável é sobre o quê. (House M.D.)

É possível acreditar em algo e não viver à altura da crença. (House M.D.)
Se acredita em eternidade, então a vida é irrelevante. (House M.D.)
Na ausência da luz, o que prevalece é a escuridão. (A Casa do Lago)
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que tu cativas. (Pequeno Príncipe)
É o tempo que dedicas a tua rosa, que a faz importante. (Pequeno Príncipe)
As pessoas esperam que eu faça tudo por elas, mas não percebem que elas têm o poder. Você quer um milagre? Seja um milagre. (Todo Poderoso)
Quase Morrer não muda nada, Morrer muda tudo. (House M.D.)

Não se apegue a nada que você não possa largar em 30 segundos, quando a polícia estiver em seu encalço. (Fogo Contra Fogo)
O ontem é história, o amanhã é um mistério, mas o hoje é uma dádiva. É por isso que se chama presente. (Kung Fu Panda)
Foi como ir dormir zangado, mas ela nunca acordou para fazer as pazes. (Everwood)
A melhor solução é sempre a mais simples. (Everwood)

Eu me pergunto qual seria melhor, ser temido ou respeitado? Seria de mais pedir os dois. (Homem de Ferro)
Como poderia odiá-la tanto, se ainda não a amasse? (Pecado Original)
O importante não é o que você sabe, mas o que você pode provar. (Dia de Treinamento)
O que falta em mim é compaixão e piedade, não racionalidade. (Kill Bill - Volume I)
O amor não é para mim, o amor é para quem acredita nele. (Pecado Original)

As vezes vale a pena viver por aquilo que você morreria! (Herói)

Conheci um homem que disse uma vez que a morte sorri a todos nós. Tudo que podemos fazer é sorrir de volta... (Gladiador)
Eu acho que sentiria a sua falta até mesmo sem te conhecer. (Muito Bem Acompanhada)
Existe uma linha tênue entre coincidência e destino. (A Múmia)
Felicidade só é real, quando compartilhada. (Natureza Selvagem)

Sem o amargo, o doce não seria tão doce. (Vanilla Sky)
Não tenha medo da morte, tenha medo da vida não vivida. (Vivendo na Eternidade)
Cair, é a primeira e a última sensação que um anjo sente. (Gabriel - A Vingança de Um Anjo)

Somos uma geração sem peso na história. Sem propósito ou lugar. Nossa Guerra é a espiritual. Nossa Depressão, são nossas vidas. (Clube da Luta)
Adiantaria alguma coisa se eu te dissesse que ninguém no mundo pode amar tanto alguém como eu te amo? (Efeito Borboleta)
Às vezes a idéia mais simples faz a maior diferença. (A Corrente do Bem)

A vida passa muito depressa, se não paramos para curti-la, ela escapa por nossas mãos. (Curtindo a Vida Adoidado)

A dor é passageira, mas a glória é eterna. (Pearl Harbor)

Nunca vi um animal selvagem ter pena de si mesmo, um pássaro cai morto de cima de uma árvore, sem nunca ter sentido pena de si mesmo. (Até o Limite da Honra)
Não importa o quanto o vento sopre, a montanha jamais se curva diante dele. (Mulan)
Eu acredito nas pessoas, só não acredito no demônio dentro delas. (Uma Saída de Mestre)

Nunca mande ovelhas para matar um lobo. (O Procurado)

terça-feira, 12 de maio de 2009

POEMA DE DOMINGO

Wolf creek, de Greg McLean.

O MUNDO CORRE

O mundo corre e eu corro.
Não sei o que é o mundo
Nem se estou nele.
Tudo é só um vestígio
A sombra de algo oculto.
Preciso sonhar para me convencer do oposto.
E sonhar é estar sem pernas e sem cabeça.
Ir batendo nas coisas.
Ninguém sonha que se conduz nos sonhos.
Sonhamos que somos esferas, corpos soltos no aço
E é só, ainda que se sofra.
Acordamos para esquecer ou para prolongar o sonho.
Caminho agora na rodovia, e os carros passam.
É como se eu não estivesse ali, mas estou.
Ouço gritos, recebo xingamentos, até uma lata de cerveja quase
[cheia na cabeça.
"Doido!"
Qual a diferença em se caminhar a esmo com os pés
Ou direcionado num carro?
Qual o sentido do sol?
Qual o sentido da terra?
Dos poros cheios de cabelos?
Por que velozes temos mais sentido?
Por que o sentido é ser veloz?
Não, não é.
Estou agora parado e corro do mesmo modo.
Estarei amanhã imóvel e voando de todos os olhos.

MAYRANT GALLO. De Os prazeres e os crimes.


DILEMA


Cena de 2046, de Wong Kar Wai.


"Quando ele era moço, pensara que o amor tinha algo a ver com compreensão, mas com a idade veio a saber que nenhum ser humano pode compreender o outro. O amor era a vontade de compreender, e, dentro em pouco, graças ao constante malogro, o desejo morria e o amor morria também talvez, ou se transformava nesse afeto penoso, em lealdade, em piedade..."

É de GRAHAM GREENE, em O coração da matéria (Rio de Janeiro: Record, 1966), também traduzido por O cerne da questão. Na trama, Scobie, que ama duas mulheres, vai optar por não trair a nenhuma das duas... A tradução é de Oscar Mendes.
MINICONTO DE PHILIP K. DICK
Blade runner, de Ridley Scott.

A HISTÓRIA QUE ACABA COM TODAS AS HISTÓRIAS, PARA A ANTOLOGIA DANGEROUS VISIONS, DE HARLAN ELLISON

Num mundo destruído por uma guerra nuclear, uma jovem casadoura visita um zoológico futurista e faz amor nas jaulas com várias formas de vida deformadas e não-humanas. Nesta história particular, uma mulher que foi remendada com os corpos defeituosos de várias mulheres tem relações sexuais numa jaula com uma alienígena. Mais tarde, a mulher, com recursos da ciência do futuro, concebe um filho. A criança nasce, e a fêmea da jaula luta pela criança, para decidir quem fica com ela. A jovem humana vence e, imediatamente, devora a criança, cabelos, dentes, dedos dos pés, e tudo mais. Pouco depois de terminar o horrendo banquete, descobre que o filho é Deus.

PHILIP K. DICK (1928-1982) é um dos pilares da science fiction moderna, por sua capacidade de criar a um só tempo mundos estranhos e completamente verossímeis. Sua obra mais difundida é O caçador de andróides, cujo título em inglês é Do androids dream of electric sheep? (Andróides sonham com ovelhas elétricas?) e que inspirou em 1982 o filme Blade runner, de Ridley Scott, hoje um clássico do gênero. Miniconto extraído do volume de contos Monority report, a nova lei (Rio de Janeiro: Record, 2002).

Oscar Wilde


Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria
Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."

domingo, 10 de maio de 2009

POLÍTICAS “VS” POLÍTICOS

Temos a política como um processo de organização social, ou ao menos é o que consta as teorias que defendem essa idéia, política vem do grego pólis (politikós), e se refere ao que é urbano, civil, público, enfim, ao que é da cidade (da pólis). É uma forma de atividade humana relacionada ao exercício do poder. No dizer de Julien Freund, é “a atividade social que se propõe a garantir pela força, fundada geralmente no direito, a segurança externa e a concórdia interna de uma unidade política particular...”. Essa possibilidade de fazer uso da força distingue o poder político das outras formas de poder.
Para muitos o conceito de política não passa de um controle de massa para beneficiar um determinado grupo de pessoas. À medida que o ser humano “evolui” faz se necessário criar novas leis para controlar as exigências que vem da necessidade de acompanhar o crescimento social.
Democracia e política são noções que sempre caminharam juntas e por vezes até se confundem. Na verdade só em democracia a política pode verdadeiramente exprimir-se. Infelizmente hoje em dia a palavra (política) reveste-se de uma carga essencialmente negativa, levando muita gente a confundir (política) com – políticos - e estes com um setor da sociedade supostamente caracterizado por personificar interesses egoístas, demagogia barata ou puro oportunismo.
Políticos são, para uma boa parte do cidadão comum, aqueles que andam à procura de dinheiro fácil ou, em outras palavras, não querem trabalhar. Estas idéias são particularmente perigosas porque corroem os pilares da democracia e, pouco a pouco, vão pondo em causa os seus valores mais nobres (os benefícios do bem comum) para com as comunidades.
A conclusão lógica de um tal raciocínio é que, se a política é o que fazem os políticos, se os políticos apenas defendem os seus interesses pessoais, se se tornaram parasitas da sociedade, então, se assim é, será necessário controlá-los e, se possível, acabar com esta suposta democracia política. Ora, isto não só constitui uma idéia exagerada (por isso falsa) como se torna extremamente nociva para a democracia, visto que serve de alimento ao populismo mais demagógico e anti-democrático.
Porém um dos maiores problemas hoje nada mais é que o desinteresse pelas questões públicas de forma que este tipo de abandono de tais conceitos passa nos prejudicar, porque não temos interesse de saber quanto nossas prefeituras têm gastado e com que tem gastado o dinheiro público que nada mais é os nossos impostos, por sinal altíssimo para um pai de família que precisa comprar o pão para matar a fome do filho que precisa tomar o café da manhã todos os dias antes de ir à escola.
A História nos ensina que, nas sociedades primitivas, o poder de Estado concentrava-se em uma pessoa ou em um grupo. As atividades eram exercidas por intermédio de um só órgão supremo, que cuidava da defesa externa, da ordem interna, do controle dos bens e serviços de caráter coletivo, inclusive das funções religiosas. A extensão territorial e a diversificação crescente das atividades, dentre outros fatores, exigiram uma desconcentração do poder, cujo exercício começou a ser dividido entre várias pessoas.
Sendo assim, podemos perceber que desde a antiguidade, a função de julgar foi sendo delegada a funcionários do rei. Ao longo da Idade Média, outras funções foram se especializando, e órgãos especiais surgiram para desempenhar essas funções. A função legislativa, por um processo de negociação e lutas, passou das mãos do rei para uma representação autônoma dos cidadãos: o Parlamento.
Aristóteles, discorrendo sobre a organização do Estado, ressaltou três funções principais: a deliberante, exercida pela assembléia dos cidadãos, que ele reputava como o verdadeiro poder soberano; a da magistratura, exercida por cidadãos designados pela assembléia para realizar determinadas tarefas; e a judiciária.
Os caminhos que percorriam a democracia juntamente com a política sempre foram dignos de uma atenção diria muito relativa por conta de uma flexibilidade rotatória até mesmo mutante. Anos e anos se passaram discutindo questões políticas e suas manifestações no seio das sociedades e o que podemos ainda evidenciar é algo muito a ser discutido.


[...] as práticas sociais são constantemente examinadas reformadas à luz das informações recebidas sobre aquelas próprias práticas, alterando, assim, constitutivamente, seu caráter. (HALL, 2001 p. 15).

Felizmente as sociedades evoluem, com elas também as metodologias de vivencias impondo seus novos mandamentos forçando o homem a se politizar e consequentemente requererem aquilo que lhe é de direito obedecendo algumas práticas de forma que outros venham também exigirem os seus.
Mas nem todos têm uma consciência política para trabalharem tais discussões de interesse social intercalando com o pessoal, modo de massificação construtiva para o bem das comunidades ou construção coletiva em busca de uma descentrarão do poder público.
A política está presente quotidianamente em nossas vidas: na luta das mulheres contra uma sociedade machista que discrimina e age com violência; na luta dos portadores de necessidade especiais para pertencerem de fato à sociedade; na luta dos negros discriminados pela nossa "cordialidade"; dos homossexuais igualmente discriminados e desrespeitados; dos índios massacrados e exterminados nos 500 anos de nossa história; dos jovens que chegam ao mercado de trabalho saturado com milhões de desempregados; na luta de milhões de trabalhadores sem terra num país de latifúndios; enfim, na luta de todas as minorias por uma sociedade inclusiva que se somarmos constituem a maioria da população. Atitudes e omissões fazem parte de nossa ação política perante a vida. Somos responsáveis politicamente (no sentido grego da palavra) pela luta por justiça social e uma sociedade verdadeiramente democrática e para todos.
Muito já conquistamos, mas ainda existe muito a conquistar, pois nossas leis que supostamente dizem a democracia, são leis defasadas, quando não funcionam irregularmente para as pessoas que mais precisam delas, por que muitas das vezes nossos lideres setoriais são portadores de tais preconceitos citados acima.
Onde vamos poder evidência discursos a favor dos negros, mulheres, pobres e homossexuais ao passo vai haver um contra discurso nas entrelinhas que mantêm tais violências.

sábado, 9 de maio de 2009

Afinal quem são os verdadeiros pensadores?


Essa belissima imgam é o pensador - figura milenar de cultura africana. Figura esta
que vai desmontar olhares eurocentricos, desmitificando a Àfrica como um continete de culturas atrasadas.
Antes mesmo de se pensar o pensador de arquitetura européia, vieram da Africa tida como atrasada: artífeces em ferro, agricultores, cozinheiras dentre muito outros.
Não os vejo como um povo de uma cultura atrasa, mas sim uma gente que tiveram suas riquezas tiradas a força por grupos dominadores, covardimente roubaram e saquearam.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Sou linguagem ou ao menos penso ser

O eu como sou
E como estou
Sou tudo menos eu
Sou apenas imaginado
A existência de mim
Consome-me por não existir
Existe apenas...
Afinal o que devera...
Tenho memórias
Tenho sonhos
Ou penso ter
Memórias de quem
Sonhos de quem
Absorvo e desfaço
O que devera refletir

Cleber Xavier

Ilha dos Frades


De acordo com uma lenda local, a ilha é assim denominada uma vez que, à época do início da colonização, nela foram assassinados dois frades pelos Tupinambás, os quais pretendiam catequizar.
Ao chegar nesta ilha vamos perceber fortes vibrações mágicas, de uma beleza exuberante, exótica me imponho a tais afirmações por ter tido o privilégio de me fazer presente neste maravilhoso lugar, onde remonta nossa história de invasões e imposições das políticas de dominação, uma vez que os colonizados eram "reeducados" para o novo sistema que ali se estabelecia. Percebemos também uma resistencia dos escravizados diante das novas formas de trabalho - diga-se de passagem, trabalho escravo.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Regionalismo

Durante o pré-modernismo, escola que teve grande auge durante as décadas de 1900 -1922, onde prevalece a preocupação em entender a realidade social brasileira, desenvolve-se o regionalismo, que aparece ainda no século XIX com José de Alencar, Franklin Távora e Bernardo Guirnarães, e se caracteriza pela descrição pitoresca dos costumes do interior, Simões Lopes Neto, Valdomiro Silveira e Afonso Arinos estão entre os principais nomes dessa tendência, mas o destaque fica com Monteiro Lobato, autor de "Urupés" e "Cidades Mortas", que se volta, em seus contos, para o cotidiano do caipira. Ele também é muito conhecido pelas histórias infantis do Sítio do Pica-pau Amarelo. Lima Barreto transpõe para seus romances a vida dos subúrbios cariocas, numa linguagem que se distância da influência parnasiana. Euclides da Cunha relata a Guerra de Canudos no monumental trabalho "Os Sertões".


quarta-feira, 6 de maio de 2009

O RETRATO DE DORIAN GRAY: A beleza insana


O livro O retrato de Dorian Gray permite ao leitor a fascinante viagem em uma história cheia de conflitos, desejos e descobertas de sentimentos que permaneciam escondidos ou ainda não haviam aflorado na vida dos personagens, entre os quais se destaca o jovem Dorian Gray. A influência maior na vida do personagem em relação à sua beleza ocorre no momento em que este tem um encontro casual com Lorde Henry. O lorde, homem de palavras que influenciavam todos aqueles com os quais mantinha contato, foi de fundamental importância na identidade assumida por Dorian, visto que seu olhar a respeito da beleza do rapaz e da injustiça da vida - que o transformaria em rugas e cansaço - transformou a mentalidade deste jovem, fazendo-o assumir uma personalidade mesquinha e egoísta.
A essência da beleza em O retrato de Dorian Gray produz um relacionamento próximo e idealizador entre homens, o que provoca discussão acerca do envolvimento entre os três personagens iniciais. O amor sentido pelo pintor à beleza de Dorian estaria ligado apenas à arte, ou seus sentimentos em relação ao rapaz estavam envoltos em uma permissividade que não se mostrava numa sociedade falocêntrica, na qual os relacionamentos são apenas permitidos entre pessoas de sexos opostos?
A admiração do Lorde Henry ao jovem rapaz também deixa transparecer um desejo que se inicia de maneira gentil, respeitosa e influenciadora, pois o jovem rapaz torna-se tão próximo a este novo amigo, que a partir do momento em que o conhece, abre mão dos encontros com o pintor Basil para encontrar-se constantemente com o lorde.
Analisando o fator estético, vê-se que a libertação do artista da realidade pragmática se dá por meio de sua criação: seja o escrever, o esculpir, o modelar, o pintar etc. É através da partilha entre a criação e o criador que nascerá o elo mantenedor de uma identidade uma entre os dois – que deixam de existir individualmente para se tornarem uma representação ilimitada do artista, ou seja, sua extensão. Como afirma Freud:

A arte constitui um meio-caminho entre uma realidade que frustra os desejos e o mundo de desejos realizados da imaginação – uma região em que [...] os esforços de onipotência do homem primitivo se acham em pleno vigor. (FREUD Apud SANTOS, 2003, p. 21).


Dentro desse ideal artístico, encontra-se a obra O Retrato de Dorian Gray: o desejo de pintar um quadro idêntico ao humano fez com que Basil Hallward construísse a imagem de Dorian de forma tão real, a ponto de o jovem querer que o quadro envelheça e ele continue com a beleza que temporariamente tem: “eu ficarei velho, aniquilado, hediondo!... Esta pintura continuará sempre fresca [...] Ah! Se fosse possível [...] conservar-me novo e se essa pintura pudesse envelhecer! Por isto eu daria tudo!... [...] Até minha alma!...” (WILDE, 2006, p. 64-65).
O transpor do real, vivido por Basil, lhe proporcionou a criação de uma figura que duraria anos, décadas ou mesmo séculos. É nesse aspecto que se permite o questionamento acerca da dura realidade na qual estamos inseridos: o homem constrói objetos, obras magníficas, ao passo que ele mesmo se desfaz com o passar dos anos, nem mesmo chegando a viver metade de duração da sua obra.
É este o limite da existência: saber que as coisas criadas por suas mãos terão mais valor do que o próprio artista. Sendo assim, o que motiva o homem a criar, expressando-se das formas mais variadas? Mozart, Choppin, Beethoven, Leonardo da Vinci, Tarsila do Amaral, Oscar Niemeyer, Machado de Assis, entre tantos outros artistas que criaram, mesmo sabendo que estariam a cada dia mais próximos de seu fim, deixando suas criações para a posteridade, sendo lembrados apenas pela obra a qual criaram e não por quem foram.
Para entender esse desejo pela arte, tem-se que considerar que para o artista, deixar de criar poderia significar o amputar de uma parte de seu próprio corpo, haja visto que assim como afirma Duarte Jr. “a arte é-nos uma espécie de espelho, face ao qual descobrimos e conhecemos aspectos de nosso sentir, muito dos quais até então insuspeitados” (DUARTE JR. Apud SANTOS, 2003, p. 31). Ou seja, o criar vem reforçar a identidade que temos enquanto seres que necessitam transpor um mundo de limitações, para encontrar um ideal pessoal nas representações mais íntimas e próprias de cada um. Dessa forma, “a arte [...] surge [...] como o mais forte instrumento na luta pela existência, e não se pode admitir [...] que o seu papel se reduza a comunicar sentimentos.” (VYGOTSKY Apud SANTOS, 2003, p. 78).
Esse mesmo ideal é também visionado por Basil: nos momentos em que fala de sua obra, trata-a como uma extensão de seu próprio corpo, que revelaria traços muito mais do próprio pintor do que da obra em si:

[...] todo retrato pintado compreensivelmente é um retrato do artista, não do modelo. O modelo é puramente o acidente, a ocasião. Não é ele o revelado pelo pintor; é antes o pintor quem se revela na tela colorida. A razão que me impede de exibir esse quadro consiste no terror de, por meio dele, patentear o segredo de minha alma! (WILDE, 2003, p. 38).

O tratamento dado pelo artista Basil à sua obra, reforça a idéia de que o criar é tão fundamental na vida do artista quanto o é o comer, o beber, pois através desta o mesmo se expressa, modifica tudo aquilo que em seu olhar pode estar errado, aludindo sempre à visão de fuga da realidade pragmática que nos rodeia, nos limita, e muitas vezes deixa-nos insensíveis quanto à beleza, grandeza e magnitude tanto da natureza quanto da própria vida. É aí que o artista consegue se desvencilhar, alcançando um patamar de introspecção: “o artista, através de sua criação, elabora suas fantasias, desejos, medos, ansiedades e, [...], consegue se livrar da carga afetiva que certamente o imobilizaria, caso não dispusesse desse recurso.” (ANTONIO GUINHO Apud SANTOS, 2003, p. 87).
Não se trata do simplesmente fugir, temer a realidade que lhe é imposta, mas voltar o olhar para um ângulo diferente: realçar a beleza interior, diminuir as fronteiras entre vidas e os seres que a ela pertencem, mostrando que o transfigurar do real pode trazer benefícios não só ao artista, mas também a todos aqueles que sabem admirar suas obras, dando-lhes significado e valor.
Dorian Gray demonstra certa incompreensão quanto ao valor do quadro que fora pintado em sua homenagem: não foi com intenção de humilhar ou mesmo apontar que este envelheceria enquanto o quadro continuaria o mesmo, e sim o amor que Basil expressou nessa obra, a ponto de entregar-se inteiramente na confecção de uma imagem semelhante ao original, dando vida a um simples quadro, mostrando sua extensão artística, aprimorando a imagem de Dorian enquanto mortal, incapaz de transpor as fronteiras que limitam a vida e norteiam os nossos passos – onde quer que formos.
Dentro desses questionamentos e observações, nota-se que a estruturação da vida humana não se limita ao pensar no nascer e no morrer, mas sim no percurso que temos durante esses dois pontos extremos de nossa existência. Criar, inventar, produzir indica um aproveitamento maior de nossa existência, dando-nos espaço para interagir com a vida, com o meio, com os seres que estão à nossa volta. Vê-se, portanto, que o artista – ser limitado, incapaz de acompanhar sequer todo o percurso que sua obra irá trilhar –, não fica apenas como alguém esquecido e retido em sua sepultura, mas transfigura-se para além, muito além dos seus dias, através das obras que criou, tendo uma vida eterna nas páginas de um livro, na moldura de um quadro, nos percursos de uma estrada, até mesmo no vôo de um avião – mostrando que mesmo sendo a morte o nosso fim, somos capazes de voar, superando limites considerados inatingíveis.
Portanto, a arte não serve apenas como refúgio para uma vida desesperadora e cruel, mas uma ponte para que novas gerações conheçam os pensamentos, sonhos e desejos de uma sociedade que passou, mas que deixou registrado tudo aquilo que a comoveu, a instigou na busca por um objetivo, um ideal de interesses compartilhados e passados de geração em geração para que a posteridade pudesse confrontar e estabelecer um paralelo entre vidas que iniciam e outras que acabam de maneira simples, porém bela.