Wolf creek, de Greg McLean.
O MUNDO CORRE
O mundo corre e eu corro.
Não sei o que é o mundo
Nem se estou nele.
Tudo é só um vestígio
A sombra de algo oculto.
Preciso sonhar para me convencer do oposto.
E sonhar é estar sem pernas e sem cabeça.
Ir batendo nas coisas.
Ninguém sonha que se conduz nos sonhos.
Sonhamos que somos esferas, corpos soltos no aço
E é só, ainda que se sofra.
Acordamos para esquecer ou para prolongar o sonho.
Caminho agora na rodovia, e os carros passam.
É como se eu não estivesse ali, mas estou.
Ouço gritos, recebo xingamentos, até uma lata de cerveja quase
[cheia na cabeça.
"Doido!"
Qual a diferença em se caminhar a esmo com os pés
Ou direcionado num carro?
Qual o sentido do sol?
Qual o sentido da terra?
Dos poros cheios de cabelos?
Por que velozes temos mais sentido?
Por que o sentido é ser veloz?
Não, não é.
Estou agora parado e corro do mesmo modo.
Estarei amanhã imóvel e voando de todos os olhos.
MAYRANT GALLO. De Os prazeres e os crimes.
terça-feira, 12 de maio de 2009
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