domingo, 10 de maio de 2009

POLÍTICAS “VS” POLÍTICOS

Temos a política como um processo de organização social, ou ao menos é o que consta as teorias que defendem essa idéia, política vem do grego pólis (politikós), e se refere ao que é urbano, civil, público, enfim, ao que é da cidade (da pólis). É uma forma de atividade humana relacionada ao exercício do poder. No dizer de Julien Freund, é “a atividade social que se propõe a garantir pela força, fundada geralmente no direito, a segurança externa e a concórdia interna de uma unidade política particular...”. Essa possibilidade de fazer uso da força distingue o poder político das outras formas de poder.
Para muitos o conceito de política não passa de um controle de massa para beneficiar um determinado grupo de pessoas. À medida que o ser humano “evolui” faz se necessário criar novas leis para controlar as exigências que vem da necessidade de acompanhar o crescimento social.
Democracia e política são noções que sempre caminharam juntas e por vezes até se confundem. Na verdade só em democracia a política pode verdadeiramente exprimir-se. Infelizmente hoje em dia a palavra (política) reveste-se de uma carga essencialmente negativa, levando muita gente a confundir (política) com – políticos - e estes com um setor da sociedade supostamente caracterizado por personificar interesses egoístas, demagogia barata ou puro oportunismo.
Políticos são, para uma boa parte do cidadão comum, aqueles que andam à procura de dinheiro fácil ou, em outras palavras, não querem trabalhar. Estas idéias são particularmente perigosas porque corroem os pilares da democracia e, pouco a pouco, vão pondo em causa os seus valores mais nobres (os benefícios do bem comum) para com as comunidades.
A conclusão lógica de um tal raciocínio é que, se a política é o que fazem os políticos, se os políticos apenas defendem os seus interesses pessoais, se se tornaram parasitas da sociedade, então, se assim é, será necessário controlá-los e, se possível, acabar com esta suposta democracia política. Ora, isto não só constitui uma idéia exagerada (por isso falsa) como se torna extremamente nociva para a democracia, visto que serve de alimento ao populismo mais demagógico e anti-democrático.
Porém um dos maiores problemas hoje nada mais é que o desinteresse pelas questões públicas de forma que este tipo de abandono de tais conceitos passa nos prejudicar, porque não temos interesse de saber quanto nossas prefeituras têm gastado e com que tem gastado o dinheiro público que nada mais é os nossos impostos, por sinal altíssimo para um pai de família que precisa comprar o pão para matar a fome do filho que precisa tomar o café da manhã todos os dias antes de ir à escola.
A História nos ensina que, nas sociedades primitivas, o poder de Estado concentrava-se em uma pessoa ou em um grupo. As atividades eram exercidas por intermédio de um só órgão supremo, que cuidava da defesa externa, da ordem interna, do controle dos bens e serviços de caráter coletivo, inclusive das funções religiosas. A extensão territorial e a diversificação crescente das atividades, dentre outros fatores, exigiram uma desconcentração do poder, cujo exercício começou a ser dividido entre várias pessoas.
Sendo assim, podemos perceber que desde a antiguidade, a função de julgar foi sendo delegada a funcionários do rei. Ao longo da Idade Média, outras funções foram se especializando, e órgãos especiais surgiram para desempenhar essas funções. A função legislativa, por um processo de negociação e lutas, passou das mãos do rei para uma representação autônoma dos cidadãos: o Parlamento.
Aristóteles, discorrendo sobre a organização do Estado, ressaltou três funções principais: a deliberante, exercida pela assembléia dos cidadãos, que ele reputava como o verdadeiro poder soberano; a da magistratura, exercida por cidadãos designados pela assembléia para realizar determinadas tarefas; e a judiciária.
Os caminhos que percorriam a democracia juntamente com a política sempre foram dignos de uma atenção diria muito relativa por conta de uma flexibilidade rotatória até mesmo mutante. Anos e anos se passaram discutindo questões políticas e suas manifestações no seio das sociedades e o que podemos ainda evidenciar é algo muito a ser discutido.


[...] as práticas sociais são constantemente examinadas reformadas à luz das informações recebidas sobre aquelas próprias práticas, alterando, assim, constitutivamente, seu caráter. (HALL, 2001 p. 15).

Felizmente as sociedades evoluem, com elas também as metodologias de vivencias impondo seus novos mandamentos forçando o homem a se politizar e consequentemente requererem aquilo que lhe é de direito obedecendo algumas práticas de forma que outros venham também exigirem os seus.
Mas nem todos têm uma consciência política para trabalharem tais discussões de interesse social intercalando com o pessoal, modo de massificação construtiva para o bem das comunidades ou construção coletiva em busca de uma descentrarão do poder público.
A política está presente quotidianamente em nossas vidas: na luta das mulheres contra uma sociedade machista que discrimina e age com violência; na luta dos portadores de necessidade especiais para pertencerem de fato à sociedade; na luta dos negros discriminados pela nossa "cordialidade"; dos homossexuais igualmente discriminados e desrespeitados; dos índios massacrados e exterminados nos 500 anos de nossa história; dos jovens que chegam ao mercado de trabalho saturado com milhões de desempregados; na luta de milhões de trabalhadores sem terra num país de latifúndios; enfim, na luta de todas as minorias por uma sociedade inclusiva que se somarmos constituem a maioria da população. Atitudes e omissões fazem parte de nossa ação política perante a vida. Somos responsáveis politicamente (no sentido grego da palavra) pela luta por justiça social e uma sociedade verdadeiramente democrática e para todos.
Muito já conquistamos, mas ainda existe muito a conquistar, pois nossas leis que supostamente dizem a democracia, são leis defasadas, quando não funcionam irregularmente para as pessoas que mais precisam delas, por que muitas das vezes nossos lideres setoriais são portadores de tais preconceitos citados acima.
Onde vamos poder evidência discursos a favor dos negros, mulheres, pobres e homossexuais ao passo vai haver um contra discurso nas entrelinhas que mantêm tais violências.

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